O termo "enxaqueca transformada" é freqentemente utilizado para descrever a cefaléia crônica diária que se iniciou como crises mais ou menos frequentes e que foi agravada pelo uso excessivos de analgésicos como os anti-inflamatórios, ácido acetil-salicílico, paracetamol, os derivados de ergotamina, os triptanos e os compostos específicos para enxaqueca, encontrados até mesmo fora dos estabelecimentos farmacêuticos.
Dedicado a traduzir os conhecimentos da neurologia para o público leigo, bem como discutir os avanços científicos na área do comportamento e da cognição. De contrapeso, apresenta um olhar sobre os aspectos espirituais da doença e do adoecimento.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Quando o Analgésico é a Causa da Enxaqueca
O termo "enxaqueca transformada" é freqentemente utilizado para descrever a cefaléia crônica diária que se iniciou como crises mais ou menos frequentes e que foi agravada pelo uso excessivos de analgésicos como os anti-inflamatórios, ácido acetil-salicílico, paracetamol, os derivados de ergotamina, os triptanos e os compostos específicos para enxaqueca, encontrados até mesmo fora dos estabelecimentos farmacêuticos.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Delirium em idosos: o papel da família
Em idosos internados para tratamento hospitalar é relativamente comum o aparecimento de um estado de confusão mental, denominado delirium agudo. Estudos recentes apontam para o tratamento não-medicamentoso como forma adequada para o controle e mesmo para prevenção desse problema que pode ocasionar o prolongamento das internações. Nesses casos, o papel da família é preponderante para o sucesso do tratamento.
O delirium agudo pode ser de dois tipos: o hipoativo, no qual predomina o rebaixamento do nível de consciência que varia de sonolência excessiva até o estupor e coma; e o hiperativo, caracterizado por agitação psicomotora, acompanhado ou não de alucinações visuais, auditivas, agressividade e outros distúrbios de comportamento. Habitualmente observa-se a mistura desses 2 tipos de sintomas, com flutuações da consciência ao longo do tempo, alternando períodos de sonolência, com outros de agitação e alucinações.
Os idosos, mesmo não sendo portadores de alzheimer ou outro tipo de demência, são particularmente suscetíveis a essas alterações de origem cerebral. Estudos mostram que indivíduos acima de 75 anos submetidos a uma cirurgia ortopédica tem chance de até 15% de desenvolver delírio agudo no período pós-operatório.
A causa do distúrbio é entendida, atualmente, como sendo uma conjunção de vários fatores de risco. Dentre eles podemos citar: idade maior que 75 anos; infecções; uso de antibióticos e outras medicações, tais como corticóides, sedativos e analgésicos(especialmente os derivados de morfina); cirurgias de médio ou grande porte; anestesia; insuficiência renal ou hepática; alterações da concentração de sódio, cálcio, magnésio e de outras substâncias encontradas normalmente no sangue. O acompanhamento de um especialista pode ajudar a detectar o problema, controlar os fatores de risco e auxiliar na prevenção dos sintomas.
Enquanto as pesquisas com uso de medicações antes de procedimentos cirúrgicos não se revelaram eficazes para evitar o delírio, a utilização de medidas não-farmacológicas se provou útil e desejável. Portanto, queremos dar alguns conselhos para os familiares de idosos que serão submetidos a uma internação por qualquer motivo.
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a simples mudança de rotina e de instalação física pode gerar confusão mental e que os movimentos da enfermagem para medir pressão, pulso e temperatura, bem como aplicar medicações à noite, alteram o ciclo de sono-vigília e colaboram para a instalação do delirium. Assim, com o paciente internado, procure deixar o quarto bastante iluminado durante o dia, se possível sentando-o em uma poltrona e mantendo conversas sobre a família, a casa e também sobre os eventos mais recentes. À noite, manter o aposento à meia-luz, com o mínimo de barulho possível e, quando não houver problemas, evitar manipular o paciente da meia-noite às seis horas da manhã.
Raramente encontramos em uma acomodação hospitalar a presença de um calendário ou um relógio, talvez para diminuir a ansiedade de "não ver o tempo passar". Contudo, para uma boa orientação no tempo e no espaço, é importante ter a data visível - melhor que seja impressa diariamente no formato abaixo - e um relógio com o mostrador de tamanho suficiente para a leitura de quem está hospitalizado. Devemos compreender também que a duração da internação pode ser outro fator agravante, devido ao confinamento em ambiente fechado. Sempre que possível, passear com o paciente na cadeira de rodas pelos corredores do hospital ou outros locais apropriados para esse fim.
Nos momentos em que o paciente demonstra algum sinal de confusão mental, ou mesmo alucinação visual, é preciso confortá-lo, lembrando que está no hospital x, fazendo tratamento para y e que sua família o está amparando. Tranquilamente, é preciso também corrigir os distúrbios perceptivos, informando que o que ele viu não estava ali. Trazer objetos familiares ao paciente, para deixar no quarto também pode ser interessante no sentido de mantê-lo calmo.
Utilizando essas medidas, algumas vezes trabalhosas, é possível prevenir o delirium ou diminuir a necessidade de intervenção com medicamentos. Consequentemente, o tempo de internação hospitalar diminui e a recuperação em casa é mais rápida.