O termo "enxaqueca transformada" é freqentemente utilizado para descrever a cefaléia crônica diária que se iniciou como crises mais ou menos frequentes e que foi agravada pelo uso excessivos de analgésicos como os anti-inflamatórios, ácido acetil-salicílico, paracetamol, os derivados de ergotamina, os triptanos e os compostos específicos para enxaqueca, encontrados até mesmo fora dos estabelecimentos farmacêuticos.
A cefaléia crônica induzida por medicações atinge mulheres com maior frequencia que os homens e a faixa etária mais acometida está entre os 30 e 40 anos. Caracteristicamente são pessoas que eram portadoras de um tipo de cefaléia primária - não relacionada a lesões cerebrais - como a cefaléia tensional ou a migrânea, e que, por falta de um acompanhamento médico, passaram a utilizar analgésicos em frequencia maior que 3 vezes por semana até várias vezes ao dia, por mais de dois anos. Outro fenômeno que se observa é o uso do analgésico logo no primeiro sinal de dor ou mesmo diante da expectativa.
As características da dor também se modificam. Enquanto as crises de enxaqueca duram habitualmente menos de 48 horas, acometem metade do crânio e têm uma dor pulsátil acompanhada de náuseas ou vômitos, a cefaléia crônica diária é constante, tipo peso ou pressão, bilateral, é pior pela manhã e pode ter momentos de dores mais fortes.
Para o tratamento efetivo da cefaléia induzida por medicação é necessário mudar a compreensão do paciente sobre o problema. Deve-se entender que suas dores devem receber uma abordagem de tratamento "preventivo" e não apenas os sintomáticos que vinha fazendo uso. Para tanto, há várias drogas disponíveis para o uso de neurologista que atuam de modo a reajustar os limiares de dor no cérebro e evitar as dores, diminuindo sua frequencia, duração e intensidade.
A dificuldade do tratamento da cefaléia induzida por medicação é que a retirada dos remédios usados pelo paciente pode ser acompanhada de exacerbação da dor. No entanto, é imprescindível que a suspensão dos analgésicos seja feita e a experiência do neurologista nessa fase pode ajudar na obtenção do sucesso desejado.
5 comentários:
DR. Tausig, me ajude, existe algum tratamento para Tênia no cérebro?
A infestação no cérebro pela Taenia solium, conhecida como solitária, é denominada neurocisticercose.
Na verdade, a solitária se encontra no intestino do ser humano e libera nas fezes alguns anéis de seu corpo, chamados proglotes. Dentro dos proglotes encontram-se os cisticercos que são uma forma intermediária do parasita, contidos em pequenas bolsas líquidas, os cistos.
No ciclo de vida usual, são os porcos que ingerem os proglotes e desenvolvem os cisticercos que se instalam principalmente nos músculos. Quando o homem se alimenta da carne de porco com cisticercos (também chamada de "canjiquinha"), eles eclodem e se transformam em novas solitárias que habitarão o intestino delgado.
Para que o ser humano desenvolva a cisticercose é preciso que ele engula o proglote inteiro ou rompido, com cisticercos. Ou seja, é preciso que tenha ingerido alimentos contaminados com fezes humanas de portadores de solitária. Isso pode acontecer em alimentos contaminados e não submetidos à higienização adequada ou quando o indivíduo portador da tênia se contamina com as próprias fezes.
Uma vez que tenha desenvolvido a cisticercose, os parasitas trafegam pela corrente sanguínea e podem se instalar em vários órgãos, mas os músculos e cérebro são muito acometidos.
Existe tratamento com medicamentos tais como o praziquantel ou o albendazol para eliminar os cisticercos, mas a indicação, dose e duração de tratamento varia de caso a caso.
Na maior parte das vezes, o que encontramos são os cisticercos já mortos e calcificados no cérebro, não necessitando de tratamento específico.
Por fim, a neurocisticercose pode causar sintomas como dores de cabeça ou crises epilépticas, para as quais se deve fazer o tratamento adequado.
Obrigado pela pergunta.
Adorei a matéria pois sofro de cefaléia quase todos os dias, não chega a ser uma enxaqueca, mais dói bastante.
Aproveito a oportunidade para pedir a permissão de colocar seu blog na lista dos meus blogs favoritos, caso queira visitar o endereço é http://neurologianeurociencias.blogspot.com/ é novo ainda, por isso não tem muitas matérias.
Grata...
Talita Castelani
Vou visitar seu blog sim, Talita. Obrigado pelo interesse nos meus artigos. Se tiver alguma sugestão, será bem-vinda também. Abs
Tô assustada.Li a outra resposta no seu formspring sobre dor de cabeça.Eu tenho uma que me acompanha desde os 12 anos, quando tive a primeira menstruação.Mas ela aparece por inúmeros motivos como claridade,ingestão de frituras,alguns perfumes,música alta, estresse...não sei mais separar o que me causa essa dor.E eu no meu caso, acho que cefaléia e dor de cabeça é a mesma coisa. Pode acontecer de termos as 2 coisas juntas?Já chegou a durar 1 mês sem interrupção.Fiz alguns exames,mas nada como RM ou tomografia.Hj em dia aprendi a lidar com ela da maneira como vc descreveu: quando percebo que ela vai chegar, tomo logo um dorflex.Neosaldina pra funcionar tem que ser uns 2 ou 3 comprimidos juntos. Me disseram que isso era "problema" espiritual.Mas não acho que é o caso. As vezes consigo ser mais forte do que a dor e não tomo remédio nenhum.Fico esperando ela passar.O problema é que fico irritada e acabo descontando nos outros.Isso não é bom.
Será que eu tenho cura?
Beijos e obrigada por ser gentil em ler isso.
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